O coração do chuchu e dos nossos hábitos

Você come essa parte branco-amarelada aí do meiozinho do chuchu, o caroço?

Na minha casa sempre tiramos e jogamos fora. Aprendi que era assim que se fazia, e que isso era duro e amargava.

Conversando com uma amiga esses dias, aprendi outra coisa. Ela me contou que na casa dela rolava uma pequena disputa pra ver quem ficava com o coração do chuchu. Era a parte nobre do legume, o coração do dito cujo. Fiquei intrigada, não entendi nada!

A curiosidade foi tanta que na mesma semana resolvi experimentar. Fiz uma sopa – anda frio esses dias – e dessa vez não tirei o miolo escavando, como sempre fiz. Piquei tudo em cubos e joguei na panela, com aquele sentimento de estranheza de quem faz uma coisa meio errada. Tantos anos desprezando aquela parte. Quando provei, achei que a textura do coração do chuchu lembrava palmito fresco. Era uma delícia mesmo.

A gente faz tanta coisa por hábito, por nunca parar pra se perguntar por que é que a gente faz assim mesmo. Mas cada vez que conseguimos nos perguntar por que é mesmo que é assim, a gente acaba parando, refletindo, tentando de outros jeitos. As mudanças aparecem é de sabermos fazer as perguntas muito mais do que de saber dar respostas.

A gente aprende muito com a experiência dos outros porque cada um tem uma experiência. Perguntando no twitter, descobri que um monte de gente já comia o coração do chuchu, outro tanto não. E porque a experiência é tão variada, tem coisas que nós mesmos é que temos que experimentar e decidir o que é bom pra gente.

Coração de chuchu aqui em casa, a partir de agora, se come sim.