Uma das coisas sustentáveis que construí na minha casa foi um sistema de tratamento de esgoto da permacultura chamado Tanque ou Bacia de evapotranspiração. O tanque transforma o problema do esgoto em comida (que por aqui vai ser PANC)
Esse tanque consiste em uma caixa de alvenaria construída enterrada. Essa caixa é impermeabilizada, e recebe múltiplas camadas que podem variar conforme o projeto. O esgoto entra na caixa e fica depositado no fundo dela, num túnel feito de pneus usados. Lá esse composto sofre fermentação anaeróbia, depois passa por condensação, chegando até a superfície para ser aproveitado pelas plantas que devem obrigatoriamente ser plantadas naquele espaço. No lado de fora, fica aparente uma borda de alvenaria, que é pra evitar que as águas da chuva corram e fiquem presas no sistema.
A vantagem é que diferentemente de uma fossa sanitária comum, que contamina o lençol freático, o tanque de evapotranspiração não deixa que isso aconteça. E ainda aproveita os dejetos produzidos pra serem usados adubando plantas.
Comumente são usadas plantas que tem uma necessidade hídrica muito alta, já que você vai ter um efluxo grande de água dos vasos. A mais comum de ser indicada pra uso é a bananeira, pois ela pode beber até 80l água por dia quando adulta. Isso é um volume imenso.
Como queremos ter uma diversidade de plantas, decidimos testar outras espécies com afinidade com ambientes úmidos nesse ecossistema. Escolhemos o Ingá feijão, a palmeira buriti e a jabuticabeira. Todas são comestíveis e consideradas PANC. Nós não sabemos ainda como elas se comportarão ali, mas pretendo fazer outras postagens pra mostrar a evolução, as mudanças que forem necessárias e a produção. Por hora achei interessante registrar nossas escolhas pois são plantas não convencionais comestíveis, que toleram solos encharcados, e esse tipo de planta é muito específico e a informação nem sempre é simples de encontrar.
No blog eu expliquei detalhadamente o processo de construção do tanque, seu funcionamento e falei sobre cada uma dessas espécies que escolhemos. O link tá na bio
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Vocês já se perguntaram porque falamos alho poró e não "cebola poró", já que é mais fácil usar alho poró no lugar da cebola do que do alho?
Bom, basicamente porque esse dente gigante aqui é um dente do alho poró. O alho poró parece mesmo um alho
Quando aquele caule comprido do alho poró fica muito tempo na terra, ele solta em volta dele esses dentes grudadinhos no caule, na parte subterrânea. Isso é a "semente" do alho poró. Uma mudinha nova.
Se você plantar esse dente gigante da foto, vem outro alho poró. E é assim que eles se multiplicam.
A parte comumente comercializada do alho poró é o caule. Mas os bulbos também são comestíveis. E explica demais o porquê do nome da planta, coisa que as vezes a gente nem se pergunta.
Eles podem ser comidos frescos (acontece as vezes de vir um pequeno dente grudado num caule de alho poró, mas é raro). E podem ser secos antes de comer. Ele tem uma casquinha fina em volta e tudo, como um alho O gosto parece mais com alho mesmo. É um pouco mais sutil e delicado.
É raro encontrar pra vender primeiramente porque é a forma de reprodução da planta - pro agricultor isso é valioso.
Mas também porque as coisas que chegam até nós são sempre muito pouco biodiversas, tanto no número de especies quanto na forma que consumimos e aproveitamos os alimentos. E a gente para pouco pra pensar no assunto no meio desse redemoinho confuso chamado vida capitalista.
O supermercado cheio de caixinhas coloridas mascara pra caramba o quanto a gente conhece e tem um acesso muito restrito às coisas.
Mas tem sempre umas pistas. O que eu acho fantástico é que se perguntar pelo nome das coisas as vezes é suficiente pra descobrir um caminho de percepção. Que nem criança.
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